segunda-feira, 3 de junho de 2019

Interrogações (Ânsia)




Sede ou fome não o sei dizer.
Das palavras, dos sentidos, das coisas proibidas.

Escrevamos então um último poema. 
Onde as armas se calam e o corpo se renega
beijemos com bocas de lobo aguardando a aurora.

De pé, ereta e imune a todos os desafios horizontais
num uivo que rasga, numa febre que se assume.

Afinal, basta apenas esta língua
que tudo fala, tudo desvenda, tudo canibaliza.

© Margarida Piloto Garcia in-"SOB EPíGRAFE"-TRIBUTO A FERNANDO PESSOA- publicado por TEMAS ORIGINAIS- 2018

© Foto de Alberto Bezzanca

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