quarta-feira, 26 de junho de 2019

Faca mortal






Faca mortal
esse teu nome que me perfura 
rompe e sussurra neste naufrágio.

Faca mortal
esta lembrança de mãos acesas
que me rebentam em cegarregas
sem fim à vista.

Faca mortal
estes sentidos não saciados
num faz de conta todo inventado
trocando o medo pelo vazio.

Visto este corpo, só com o teu
que se intromete e manipula.
Rubro o punhal que me embriaga
e eu intrépida abraço a lâmina
que se retorce dentro de mim.

Vem à lembrança o sol na pele
veias pulsando, bocas gritando
e eu amarrada no teu olhar.

Faca mortal
este desgosto.




© Margarida Piloto Garcia in OPUS-1-Selecta de poesia em Língua Portuguesa- publicado por  TEMAS ORIGINAIS-2018

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