segunda-feira, 17 de junho de 2019

O que resta







Do amor já nem resta o quarto vazio
o sol do outono e o vento do verão.

Foram-se as paredes cúmplices
e os beijos vorazes como papoilas.
As feridas abertas são exorcizadas
em equilíbrios acrobáticos.
Temos lâminas e espadas nas mãos
e um revólver na boca aberta
a encher de balas o que nos rodeia.
Fez-se noite tão depressa
as paredes encheram-se de bolor e
os quartos são habitados por outros amantes.

Já não sei se inventei afectos
ou se o medo cresceu no final
mas os pássaros ainda se deitam nesta praia
e a chuva ainda chora por nós.



© Margarida Piloto Garcia 
 in "OPUS-1"-Selecta de poesia em Língua Portuguesa- publicado por  TEMAS ORIGINAIS-2018


© Foto de Rova


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