quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Amor







Das razões do amor
dizem uns que sabem, outros que o sentem.
Se ele arde, se ele é a álgebra da vida
se é ferida que adivinhas e te impede de morrer
se tanto te torna exultante ou descontente
se te faz içar as bandeiras da fé
ou lutar em tempos de anarquia
se o amor te faz nascer e renascer
pequeno ou imenso como lava ou tsunami
se o sentes, devora-o.
Come-o até ao caroço e rejubila.
Deixa que o suco escorra e em ti se abrigue.
Conjuga verbos inexistentes
e inventa marés.
Constrói com dedos corajosos a sábia magia
e brinda furtivamente aos deuses
não vá a sorte explodir desassossegada.
Agasalha os sentidos , sempre na incerteza dos poetas.
Depois, ajoelha e engana a morte.
Afinal, o amor é isso mesmo
uma crença na eternidade.




© Margarida Piloto Garcia-OPUS-3-Selecta de poesia em Língua Portuguesa- publicado por  TEMAS ORIGINAIS-2020



© Foto de Alicja Reczek



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