E se um dia as luzes se apagassem?
E
se não déssemos mais flor e fruto
e
o verbo trincado apodrecesse?
Mas
e se todo o tempo se detivesse
nas
minhas mãos, entre os meus dedos,
poderia
eu travar a faca feroz
o
lume da destruição nos seios duros
nas
coxas aprumadas, nas línguas feridas
pelos
beijos insanos debruados a dor?
O
verbo ardente entra no corpo
não
pede licença e não tem pudor.
Pinta
a pele com o vermelho das amoras
e
grita com violência nas veias.
Há
uma respiração urgente
uma
loucura obscura que nos torna deusas
um
fogo carnívoro que nos enfeitiça.
Mas
e se um dia viesse uma Joana D'Arc
ascética
e guerreira, estender-te
a
crueldade do caminho deserto
e
reclamar-te em silêncio a carne
e
roubar-te à loucura e ao amor
que
farias mulher?
© Margarida Piloto Garcia- in- " A mulher no infinito dos tempos"-publicado por IDEÁRIOS 2020
© Imagem de Telmo Miel
1 comentário:
Acabei de ler seu post e achei interessante comentar, belo post.
Número da luluca
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