terça-feira, 7 de setembro de 2021

Terra




TERRA


Piso a terra húmida do orvalho

aspiro o perfume acre da manhã

e colho a laranja, mordo a maçã.

Pés descalços, lanço as sementes

espero-lhes o vicejar, o fruir,

como se espera um filho.

Ergo os braços ao sol

numa curva sem princípio e fim.

Na vertigem das papoilas

esqueço o que não é importante.


O corpo sabe do que a terra fala

da sua língua, das mãos revoltas,

dos animais, do trovão interno,

do milagre das manhãs.

Debaixo de uma laranjeira

aprendemos todos os impossíveis

mesmo que doam.

As cidades são de pedra e rasgam-nos.







Se fosse possível viver de um quase nada, bastavam os 4 elementos.




Margarida Piloto Garciain-OPUS-4-Selecta de poesia em Língua Portuguesa- publicado por  TEMASORIGINAIS-2021



Foto de Armindo Ferreira

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