TERRA
Piso a terra húmida do orvalho
aspiro o perfume acre da manhã
e colho a laranja, mordo a maçã.
Pés descalços, lanço as sementes
espero-lhes o vicejar, o fruir,
como se espera um filho.
Ergo os braços ao sol
numa curva sem princípio e fim.
Na vertigem das papoilas
esqueço o que não é importante.
O corpo sabe do que a terra fala
da sua língua, das mãos revoltas,
dos animais, do trovão interno,
do milagre das manhãs.
Debaixo de uma laranjeira
aprendemos todos os impossíveis
mesmo que doam.
As cidades são de pedra e rasgam-nos.
Se fosse possível viver de um quase nada, bastavam os 4 elementos.
Margarida Piloto Garciain-OPUS-4-Selecta de poesia em Língua Portuguesa- publicado por TEMASORIGINAIS-2021
Foto de Armindo Ferreira
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