segunda-feira, 6 de abril de 2009

Epitáfio





Sobre o caixão dos sonhos
deitas simples flores.
Em breve a campa será rasa
e tudo apodrecerá na escuridão.
O meu fantasma
afoga-se em lágrimas sangrentas
pintadas em quadros de Pollock
cantadas em melodias de Caruso
e adormecidas nas palavras de Andion.
Conto cada ruga ao pormenor
cada ano passado
cada minuto vivido.
O sol, há muito que se pôs neste horizonte,
onde dancei tangos no cemitério da vida.

O meu querer não tem fim
mas as palavras são cruzes
e os sentimentos afundam-se no pranto.
Não sei se as coisas têm um porquê
mas hoje, sou apenas um anjo caído
uma borboleta sem asas.

É funda e negra
esta cova sem pedra tumular.


Margarida Piloto Garcia





2 comentários:

Anónimo disse...

Poema carregado de tristeza.Deixas quem te goste algo triste também, se pensar que vem do teu âmago este poema.Parabéns por ele

Tite disse...

Se acreditas em Deus também tens que acreditar na ressurreição.
Hoje não é um dia tão negro assim...
apenas uma partida para uma nova vida que deves acreditar ser muito melhor.

Paz em vossos corações