Numa qualquer praça
beijo leves raios de sol.
Espreitam sorrisos ténues
filtrados por líquido ambarino.
Tento descortinar pensamentos
rotinas vagas
trejeitos e meneios.
Parecem-me distantes
os humanos presentes,
produtos de uma outra galáxia.
Numa qualquer praça
alinho pensamentos
e deixo as linhas escorrerem no papel.
Sinto-me bem
de alma liberta
enquanto os olhos saltitam
nas bebidas das mesas,
nas frases soltas,
no corre-corre das gentes açodadas.
Algures no passado
deixei as dores arrumadas
e o pensamento é agora um bálsamo
leve e saboroso,
dois dedos de espuma
gota escorrendo
húmida ao tacto.
Os odores de uma vida
acariciam-me inusitadamente
num dia, numa tarde
numa qualquer praça.
Margarida Piloto Garcia
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