quinta-feira, 5 de março de 2009

Noite





São assim as nossas noites
negras como lençóis de cetim, banhados ao luar,
cheias dum profundo medo do abismo...
mas mergulhando nele.
São negras as perguntas sem resposta
e os fantasmas da tua alma têm o cheiro da terra queimada.

Morro de cada vez que o cetim negro
me desliza na alma
e eu te imagino mais e mais
sem nunca te tocar.

São mágicas estas caravelas, que sulcam o meu mar
sem rumo definido,
batendo de encontro às tuas ondas revoltas
tentando não sossobrar nos escolhos
que teimas em semear.

Mas as nossas noites também são vermelhas,
chamas flamejantes e ardentes de fogo de artifício.
Nelas há palavras na língua voluptuosa da paixão
e eu descubro novas magias
e feitiços de encantamento
que teimo em aplicar.

As nossas noites são lambidas em faúlhas rubras
e morrem acetinadas nos restos negros da lembrança.



Margarida Piloto Garcia




2 comentários:

Haere Mai® disse...

Olá. Parece que somos vizinhas!Somos amigas no hi5 e curiosamente também escreves poesia! foi uma agradável surpresa!

Escreves muitíssimo bem. Adorei.

Beijo azul...Sempre!

Anónimo disse...

Olá amiga, que bom ver-te por aqui :)) Amei o texto...lindo!
Mil bjs no teu coração.