Nenhum remendo sutura a minha pele
nenhum anjo ampara a minha queda
nenhuma curva na estrada me esconde
de um lugar onde não cabes.
Os espelhos têm tantas faces
onde finjo morrer refletida em mil pedaços
e as portas não abrem um futuro
de que não tenho as chaves.
Falo comigo sempre que chegas tarde
ou mesmo se não vens e os olhos ardem
na inevitável passagem do tempo.
E volto a costurar os meus sussurros
presos na pele nesta manhã obscura.
O vento suão esmaga os lençóis
contra o meu corpo e eu digo-te
que estou farta deste manancial de auroras
e não posso esperar mais.
©️ Margarida Piloto Garcia.- in CONEXÕES ATLÂNTICAS VI-publicado por In-Finita 2022
Foto de Vivienne Mok
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