Estive
a tentar compreender.
Enchi
um copo com água e reguei as plantas.
Quando
a tarde chegou tinha as janelas abertas
e
as palavras saíam em fila, penduradas nas nuvens
ou
nos bicos dos pássaros.
Mas
não quero pensar se o passado é uma nódoa
ou
se o destino me amarrou como um cancro terminal.
Assim
sendo, esta vida não dá em poema
nem
mesmo numa prosa linha a linha, poro a poro.
Se
eu quisesse relembrar-te hoje, tinha de desaguar em mim o rio onde me
lavaste o corpo e invadir as minhas reticências encharcadas de
sentir.
Sem ti existe um deserto por onde passam tuaregues anónimos.
Tu sabias-me de cor mas sempre procurei ser em ti o que a imaginação mandava.
Não sei de olhos que me façam mais falta do que os teus. Profundos, mesmerizantes, a debitarem palavras com que o meu corpo se afogava num estremecimento primitivo.
Não sei de mãos que deseje mais, do que essas tuas, poderosas e invasivas , atiçando lume em cada toque.
As cartas de amor foram tatuadas na pele tão profundamente, que de cada vez que te recordo, me mordem e parasitam.
Se o amor se pudesse cristalizar não seria amor. Faz parte dele estas mudanças tão necessárias como as estações do ano.
Ontem eu não sabia de ti.
Hoje não sei mais de mim.
Sem ti existe um deserto por onde passam tuaregues anónimos.
Tu sabias-me de cor mas sempre procurei ser em ti o que a imaginação mandava.
Não sei de olhos que me façam mais falta do que os teus. Profundos, mesmerizantes, a debitarem palavras com que o meu corpo se afogava num estremecimento primitivo.
Não sei de mãos que deseje mais, do que essas tuas, poderosas e invasivas , atiçando lume em cada toque.
As cartas de amor foram tatuadas na pele tão profundamente, que de cada vez que te recordo, me mordem e parasitam.
Se o amor se pudesse cristalizar não seria amor. Faz parte dele estas mudanças tão necessárias como as estações do ano.
Ontem eu não sabia de ti.
Hoje não sei mais de mim.
© Margarida Piloto Garcia in-"RONDA DA NOITE"- publicado por TEMAS ORIGINAIS- 2019
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