quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Allegro





E agora que vou fazer

se a vida em tamanho natural

não coube no meu bolso?

Que vou fazer depois de quebrar as asas?

Andar pelos corredores

a carpir palavras?


Na minha frente há cinzas de cigarros

e corpos com memória, fantasmas

que solicito quando a porta se fecha.

No tempo dos venenos

esqueço as promessas e abraço o silêncio

e o sangue das rosas.


Corro de mão dada com a criança

que subia ao palco ou com a adolescente

que remava e sonhava que o amor

não usava bisturi, nem dissecava a pele.


A vida corre allegro ma non troppo

não vá estragar a sinfonia.



Margarida Piloto Garcia


Foto de Monika



 

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