O vento sempre escreveu
incorrigíveis caligrafias
por entre os verdes que eu avistava
e percorria nos tempos livres.
O sol pasmava em mim os contos
colossais que eu tinha medo
que fossem uma injúria se falhassem.
No cinema ao ar livre as fantasias
tinham a vibração onde nada se frustra
mas apenas aguarda, animal vigilante
a dizer-te que o tempo já passou
mesmo que a menina em ti
não queira acreditar.
E escreves
talvez porque acredites
que as palavras nem sempre
são pedras. Às vezes são sangue
às vezes são doces.
Margarida Piloto Garcia-in AMANTES DA POESIA E DAS ARTES, publicado por IN-FINITA, 2023
Foto de Mai Syashin
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