terça-feira, 9 de maio de 2023

Escritas





O vento sempre escreveu

incorrigíveis caligrafias

por entre os verdes que eu avistava

e percorria nos tempos livres.

O sol pasmava em mim os contos

colossais que eu tinha medo

que fossem uma injúria se falhassem.


No cinema ao ar livre as fantasias

tinham a vibração onde nada se frustra

mas apenas aguarda, animal vigilante

a dizer-te que o tempo já passou

mesmo que a menina em ti

não queira acreditar.


E escreves

talvez porque acredites

que as palavras nem sempre

são pedras. Às vezes são sangue

às vezes são doces.


Margarida Piloto Garcia-in AMANTES DA POESIA E DAS ARTES, publicado por IN-FINITA, 2023


Foto de Mai Syashin


 

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