domingo, 28 de novembro de 2010

Destino






Eu já era assim
Tinha sagas futuristas agarradas nos olhos
e cobria os recantos escondidos e aconchegados
de poalhas de sonhos.
Em cada noite
fazia clones sem parar
uma máquina inconfundível de realidades estropiadas.
Quando as manhãs rasgavam o conforto
procurava na vida as personagens só imaginadas.
Eu sempre fui assim
ingénua e despudoradamente sôfrega
uma louca em banda desenhada.
As minhas mãos têm recordações táteis
guardadas para desfiar num rosário de noites brancas
em que a mente desenha borrões de tinta viva pingando gritos pelo quarto.
Tento não ser assim
mas escrevi um destino torto em fase terminal.



Margarida Piloto Garcia-in POÉTICA III- publicado por EDITORIAL MINERVA-2013