sexta-feira, 14 de abril de 2023

Fantasmas




Nunca sabemos onde estão

se guardam a noite

se enchem de fel os dias

ou se se comovem com o fulgor

da poeira das coisas banais.


Às vezes deslizam no branco

das paredes e não mentem mais.


Os fantasmas cheiram às águas de colónia

do antigamente e espreguiçam-se

em pliés de traços ínfimos.

Agarram-nos a memória em sinapses

descompostas que não reconhecemos.


Todos os dias tentam vergar-nos

mas nunca o conseguem.

Quanto muito acabam a noite

vestindo a nossa pele.



Margarida Piloto Garciain AMANTES DA POESIA E DAS ARTES, publicado por IN-FINITA, 2023



Foto de Natalia Drepina

 

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