Declaro que te espero
nos dias em que a chuva me mitiga o fogo
nas noites em que o corpo em rebuliço
se entretém em danças e litanias solitárias.
Não venhas se me temes
ou se a tua fornalha não anseia pelo meu mar
interno.
Tenho em mim a telúrica força de uma valquíria
e ouso defrontar o teu guerreiro altivo de canto
rouco
e a tua espada acesa a queimar-me desde a boca
até ao vórtice onde o desejo renasce
num devorar repetitivo e lancinante.
Declaro que te espero
e sempre te esperei.
Esta música da pele tem um travo doce de devaneio
juvenil
e a carência vivida das inclementes horas.
Declaro que te quero
assim, neste final que chega manso e louco.
Por isso
antes que os deuses te roubem ao insano desejo
vem.
© Margarida Piloto Garcia-in A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS I-publicado por EDIÇÕES PAULA OZ-2013
2 comentários:
A gente percebe o desejo reprimido do eu lírico. É algo forte e avassalador.
como sempre é intenso!!!
augusto
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