O amor não tem prazo marcado. Nasce quando quer e vai-se
embora sem pedir permissão. O amor não tem pontos cardeais nem obedece a
climas. Pode ser um furacão ou uma brisa. Acaricia-te ou atira-te contra a
parede se tentas analisá-lo ou dar-lhe nomes. O amor não se compra em centros
comerciais nem se desdobra em cortesias uma vez por ano. Está ali ao alcance da
mão, ou tão longe que precisas de te atirar do alto de uma montanha para o
alcançares. O amor não tem hora marcada, nem dia para se repetir ad eternum nas
rádios e nas televisões de um qualquer país. O amor não é um dia, porque é
todos os dias ou não é. Pode aprisionar-te num segundo e libertar-te noutro e
as horas que o marcam não se acomodam num mero relógio. O amor é assim: tem
fases, declinações, pausas e reticências. Precisa de dádivas e de paixões. O
que ele não tem de ser é um cupido idiota a vender-se por aí num só dia do ano.
© Margarida Piloto Garcia
© Arte de David Renshaw