9 da manhã.
Medo na garganta, fogo na pele, olhar impúdico.
Apressa o passo, atiça o fogo, a língua a arder, a
boca aos ais
10 da manhã.
A mão na perna, a urgência nos olhos, o calor dele,
a fome dela.
Corpos que chocam, beijos vorazes comem por dentro
lambem por fora, desnudam prazeres.
Derrete as mãos no cabelo dele, esculpe-o a cinzel,
procura-lhe a vida.
No aperto dele, quase um temor, uma reverência.
Despe-a e encontra-a.
Rasga a fronteira, estala o pudor, vai-se mais
fundo.
Solta o gemido, dança-o nas pernas, sorve-lhe o
âmago
abre-se nele.
12 horas e o sol empina no horizonte.
Cavalgam ondas na cama anónima
e a tarde lúbrica estende-os no chão.
Música toca, velas acendem, lençóis engelham no
calor do cio.
Palavras loucas rugem na tarde novos caminhos e
desafios.
Ternos abraços, corpos de aço, laços e passos.
As horas escorrem suor e seiva, o grito é língua
entre os cicios.
Morre mil vezes, parte-se em duas, faz parte dele.
Olhos de deusa, mítico oculto, fera voraz.
Há arremessos na tarde cálida, galopes ébrios ,
ventres a arder.
E chega a hora e a fome fica, rasga o abraço, parte
o enlace
e mora a saudade no último beijo
© Margarida Piloto Garcia-in A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS I-publicado por EDIÇÕES PAULA OZ-2013
Sem comentários:
Enviar um comentário