sexta-feira, 26 de abril de 2013

Silêncios








Talvez eu goste dos teus silêncios
porque não trazem laços.
Sentados  junto ao rio que corre
esquecemos palavras.
Apenas o teu olhar escreve alfabetos
tão antigos como o homem.
Tenho perguntas para fazer
mas navegam num barco de papel
feito das últimas letras  que escrevi.
Deixo o meu ombro desnudar-se
e secar-te os discursos.
Agora, já só tens um desejo
gritado no silêncio.
Não levamos connosco âncoras
de passado ou futuro.
Só temos o momento a tremer nas pestanas
e a escorregar devagar pelas margens do corpo.
E se eu quiser
pronunciar palavras proibidas
por favor não me deixes fazê-lo
e sela com a tua a minha boca.


© Margarida Piloto Garcia in-POESIA SEM GAVETAS II-publicado por PASTELARIA ESTUDIOS EDITORA-2013




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