quarta-feira, 10 de abril de 2013

Hoje



Quero que o hoje seja amanhã
ou outro qualquer dia.
Nunca um hoje onde guardo aflita
a alma amarrotada e dobrada
numa caixinha de cantos esquinados.
Uso a mente, dou corda ao coração
tento poli-la e arredondar-lhe
as arestas vivas e quase cítricas
como um limão azedo.
Hoje a asa da andorinha
não cruzou este horizonte
nem me falou de risos.
A chuva pintou de cinzento
estas mãos com que escrevo
desejos de outros tempos.
Talvez venha um amanhã
ou outro qualquer dia que não seja este.
Talvez.
Eu apenas estremeço as pálpebras
fecho a caixa dos sonhos à espera
e encerro a página do dia que não foi.

© Margarida Piloto Garcia in-NÓS POETAS EDITAMOS- VOL II-2013





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