quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ritual




Uma mulher normal
conta as rugas do descrédito, reflectidas no espelho desdenhoso.

Deixa os dedos
percorrer as estradas do cabelo naufragado nos ombros.

Escreve melancólica
palavras de uma só sílaba, que contabiliza com esmero.

Desmaia
no último veludo da pele acariciada.

Uma mulher normal
fecha a porta do castelo numa dança febril.

Reúne os últimos despojos
e cerra as asas, cansada da borboleta que já foi.


Margarida Piloto Garcia-in POÉTICA III- publicado por EDITORIAL MINERVA-2013