Grinaldas de flores
compoem-lhe o cabelo.
São rosas com cheiro
que a deleitam e a fazem sentir ausente.
Sente o corpo apertado,
num vestido branco imaculado
que lhe contrasta a pele morena.
É um segundo EU,
uma estrutura flutuante,
cheia de visões de mais e de loucuras.
Vê-se no espelho.Uma jovem pura de olhos brilhantes,
pairando em rendas de Calais,
em estruturas antigas de outro século.
O cabelo longo foi armado,
canudos de desejo, pendentes formados
valorizando-lhe a boca carnuda que adora o beijo arrebatado.
Algures em si a realidade feneceu de louca.
Ela não quer saber, embora mais tarde nesse dia
prove amargamente o cálice que a espera.
Mas agora, apenas se enrola
e orgásmicamente se estende
no véu que junca o quarto.
Margarida Piloto Garcia