As gotas na janela
escorrem ao ritmo dos blues.
São lágrimas pasmadas de amores perdidos
orvalhadas paixões que a tempestade pariu.
Os murmúrios gotejam
um nocturno forjado num piano pagão.
E o vulto move-se, crisálida efémera
dançando mágoas eternas, declamadas, suicidas.
Há no ar um odor metálico
um exaurir de emoções, quais versos de Sylvia Plath.
As gotas de chuva
enchem copos com aroma a vodka
e fazem as lágrimas desenhar caminhos sem retorno.
Ai meu amor,
a chuva na janela tem o canto magoado de um fado de Amália
e eu não sei resistir-lhe.
Por isso, aqui me tens:
um vulto amarrotado desfiando pálidas ilusões
quase ébria de tanta melancolia.
A noite chora em crescente agonia
e eu afogo-me nas gotas da janela.
Margarida Piloto Garcia
14 comentários:
A chuva, as lágrimas, as gotas,
tudo lembra um fado...o fado de Amália!
Beijinho para si
Querida amiga, o teu talento poético é inquestionável e este poema é notável.
Gostava de ter sido eu a escrevê-lo...
Beijos.
...estou por aqui...este é especial...
porque choras afinal?
beijinho, augusto
Um poema diferente, como diferente é afogar-nos nas gotas de chuva...só quem tem poesia dentro de si.
Um beijo
Graça
Uma excelente semana para vc, querida amiga.
Beijos.
será a tradução de "fado" para inglês "blues"? acho que foi a primeira vez que vi ambos os estilos mencionados no mesmo texto.
curioso.
A minha 1ª visita, creio.
Gostei do que vi e li.
Cumprimentos meus
Quando chove, de noite, fico mais melancolia... acabo a chorar eu, ao ritmo da chuva.
Lindo seu espaço.
Obrigada pela sua visita, espero poder contar com ela mais vezes.
Fim de semana de luz para todos nós.
beijooo.
Belissima Visão...muito bem colocada!!
Uma dança de palavras que se desfazem em gotas de sentimentos...
Tão bonito este teu poema!
um beijinho
Bom domingo pra vc.
beijooo.
Querida amiga, desejo-te um bom resto de semana.
E espero que esteja tudo bem contigo, dado que não publicas há 25 dias...
Beijos.
Simpática Amiga:
"...As gotas na janela
escorrem ao ritmo dos blues.
São lágrimas pasmadas de amores perdidos
orvalhadas paixões que a tempestade pariu.
Os murmúrios gotejam
um nocturno forjado num piano pagão.
E o vulto move-se, crisálida efémera
dançando mágoas eternas, declamadas, suicidas.
Há no ar um odor metálico..."
Um poema soberbo de encantar e deliciar, onde existe um pouco de melancolia, próprio de poetas e poetizas.
Excelente!
Possui uma sensibilidade poética de enternecer e maravilhar.
Beijinhos amigos.
Com respeito, estima e consideração gigantes.
Sempre a admirá-la
pena
Fabuloso.
Bem-Haja, linda amiga talentosa.
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