terça-feira, 26 de maio de 2009

Vidro sem luz



Como são os pássaros que trinam em manhãs orvalhadas?
O ar é quente
Cheio de odores inebriantes, aveludados
sensações fortes que embriagam.
O que são flores?
Os cheiros capitosos penetram-no profundamente
enquanto acaricia a relva ondulante
macia, vibrante
de uma sensualidade que lhe desperta o corpo.
O que é verde, castanho, azul?
Como é um arco-íris?
O sol faz-lhe chegar aos lábios húmidos
a primeira gota de suor, sal do seu ser.
O sol que o cativa e estremece
a lua que lhe traz a languidez das noites caprichosas.
Estrelas...
Como são as estrelas de que falam as canções de amor?
Tanta coisa que sente e o faz despertar.
Sentimentos que lhe trazem vida
saboreando cada dia novas descobertas.
As mãos afagam com carinho o meigo animal que o acompanha.
Sabe-lhe bem esse contacto que lhe acalenta a alma.
Ergue-se lentamente enquanto abraça a vida
sorrindo das grandes maravilhas guardadas dia a dia.
Caminha numa passada lenta, saboreada e cautelosa.
Um contentamento mudo
molda-lhe os lábios sequiosos dos dias que correm
das noites que passam
dos mistérios insondáveis de um vasto universo.
Como são as pessoas que por ele passam?
Como são os seus olhos opacos como vidro sem luz?


Margarida Piloto Garcia



4 comentários:

Compondo o olhar ... disse...

lindo este poema... amei!!

brigadinha pela visita, venha sempre que quiser, será um enorme prazer te receber neste meu cantinho.

bjocas

Anónimo disse...

Tens tantas interrogações dentro de ti???

vmnc

Margarida Piloto Garcia disse...

Dentro de mim as interrogações são diferentes.

Su disse...

como?quando?onde?
tantos?????
jocas maradas.......sempre