quinta-feira, 28 de maio de 2009

Véu




Grinaldas de flores
compoem-lhe o cabelo.
São rosas com cheiro
que a deleitam e a fazem sentir ausente.
Sente o corpo apertado,
num vestido branco imaculado
que lhe contrasta a pele morena.
É um segundo EU,
uma estrutura flutuante,
cheia de visões de mais e de loucuras.
Vê-se no espelho.Uma jovem pura de olhos brilhantes,
pairando em rendas de Calais,
em estruturas antigas de outro século.
O cabelo longo foi armado,
canudos de desejo, pendentes formados
valorizando-lhe a boca carnuda que adora o beijo arrebatado.
Algures em si a realidade feneceu de louca.
Ela não quer saber, embora mais tarde nesse dia
prove amargamente o cálice que a espera.
Mas agora, apenas se enrola
e orgásmicamente se estende
no véu que junca o quarto.

Margarida Piloto Garcia



7 comentários:

Cris disse...

foto fantástica:) (cris, visões)

Susana Falhas disse...

Lindo poema! Qualquer noiva se sente mágica com o véu que ilude esconde parcialmente ... Fez-me pensar o meu dia memorável!

Parabéns!

Bjs

Sandra disse...

Amei, lindo.
Tem selinho para vc.
Venha buscar, pssa pelos bglo, também selos por lá.
agradeço a visita.
Bjs,
Sandra

Anónimo disse...

"prove amargamente o cálice que a espera" deu a entender que somente o ato do casamento seja algo prazeiroso e todo o resto são consequências ruins. Toda mulher quer se sentir especial neste dia, mesmo aquela que diz não ter pretensões; algo a ver com sonhos de menina em contrapartida imposições sociais. Bom fim de semana! Beijus

paulotpires disse...

Olá Margarida
Antes de mais, obrigado pela visita, e pelo comentário.
O teu blog parece num primeiro também estender a alma ou almas e será com prazer que voltarei para o explorar melhor...
beijinho
paulotpires

mz disse...

As flores são rosas...
O vestido é branco...
Enfeitada de rendas...
Ela é desejo...
Ela é esperança...
Ela é a noiva!

com carinho
MZ

vitor correia disse...

Os lençóis das palavras que aqui deixas, fazem estremecer toda a sensibilidade do meu ser.Grato por mais uma maravilha.Ler-te e ouvir-te,é também outra benção da natureza