A minha lágrima escorre nessa tua pestana.
Escondo novamente o meu olhar,
só porque me detenho nuns lábios de que sei o gosto.
Deslizo num slide inebriante pela risca da tua camisa.
Reconheço o padrão,
sinto-lhe a textura sem sequer lhe tocar.
As minhas mãos brincam um perigoso jogo...
Porque receio tocar-te.
Mas sinto no beijo quebrado do teu adeus, que nunca voltarás.
Não sei como entender-me.
Nem porque teimo em estropiar-me.
Queria mesmo era não sentir essa garra...
Inevitável!
Repetes o discurso intermitente,
da culpa sem desculpa.
Já não o quero ouvir porque o gravei há muito,
na minha pele
na minha alma
na ferida que teima em não sarar.
Mantenho a compostura ,
quando o meu olhar se detém nas tuas ancas.
Procuro a aterradora memória em mim gravada.
Não quero recordar tudo o que não esqueci.
Nego a evidência, vezes sem conta.
Tenho medo que a vida me demonstre,
o grito que voraz me começou a devorar.
Tento fugir a tanto não que tu proferes.
Fujo rua abaixo, morta por dentro.
Não ouso olhar para trás quando te afastas.
Margarida Piloto Garcia
2 comentários:
Mais um onde revelas toda a saudade dum tempo que já foi bom.Assim nunca vais esquecer o passado e olhar em frente rumo ao futuro
vmnc
Ps estou mesmo a ver que não o vais aceitar
Os poemas não têm passado nem presente.Existem por eles e moram em nós.
e como disse o grande poeta "O poeta é um fingidor..."
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