quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Poema-paixão



Hoje o leito era uma cela.
Procurei no silêncio a fome insatisfeita
e soube
que precisava da alma espraiada mar fora
sem desertos depressivos, sem cobardias disfarçadas.
Consegui de uma forma tola
erguer-me cambaleante e não desistir
nem
me perder nos verões que me feriram.
A lágrima que escorregou, já a lambi
e mesmo sem te ter provado, sabe-me a ti.
Tens de saber a terra, a mar, a especiarias.
O teu corpo há-de ter o gosto almiscarado
de tudo o que é raro e exótico.

Não me importa se assim não for.

Tu és a minha flor de sal.

Quero desenhar com a boca a tua tatuagem
quero conhecer o teu íntimo mais recôndito.

Esperei-te toda a vida.


Continuo a esperar-te...




©️ Margarida Piloto Garcia.- in CONEXÕES ATLÂNTICAS VI-publicado por In-Finita 2022



2 comentários:

Anónimo disse...

poema trágico e de espera inderterminada .Será que encontrarás o que esperas????

vmnc

PreDatado disse...

Uma espera determinada. Sabe o que quer, como quer e quem quer. Tudo isto numa poesia muito bonita.